Sábado, 19 de Dezembro de 2009
Ricardo Pinto e Silva adapta peça de Alessandro Marson e Mário Viana sobre sexo, dinheiro e a linguagem das ruas
Luiz Carlos Merten
Ricardo Pinto e Silva é atraído pela noite, como possibilidade de representação de aspirações e medos. Pode ser coincidência, mas Querido Estranho, que ele adaptou da peça Intensa Magia, de Maria Adelaide Amaral, passa-se na noite de aniversário do patriarca de uma família disfuncional. Pinto e Silva volta ao universo familiar e suburbano no telefilme Carro de Paulista, que também se baseia numa peça (de Mário Viana e Alessandro Marson).
O filme passa hoje, às 23h30, na TV Cultura, e integra o programa de telefilmes da emissora, em parceria com a Secretaria de Estado. A série de quatro títulos começou no sábado passado com Para Aceitá-la, Continue na Linha, de Anna Muylaert, sobre golpe que é aplicado numa matriarca via celular (e ela passa por uma experiência que transforma sua vidinha insípida). Nas próximas semanas, passam mais dois - Corpo Presente, de Marcelo Toledo e Paolo Gregório, e Paredes Nuas, de Ugo Giorgetti. São telefilmes de 52 minutos cada um. Anna Muylaert já anunciou sua intenção de transformar Para Aceitá-la num longa para cinema e, para isso, está em fase de captação.
Mário Viana adora falar de sexo. Carro de Paulista tem um lado Depois de Horas, podendo ser aparentado ao pesadelo criado, há mais de 20 anos, por Martin Scorsese. O protagonista é este garoto do Tatuapé, cujo primo, na cena inicial, lhe libera o carro para a noite de sábado, mas com a advertência de que nada poderá ocorrer com o veículo. Por isso, entenda-se - nem o mais leve arranhão. O carro, você pode estar certo, chegará ao fim da aventura detonado, e não apenas isso. O herói chama dois amigos para o que promete ser uma longa noite de prazeres. Eles partem em busca das "mina do Jardins".
Seriam três, mas há um quarto elemento - o garoto, sugestivamente chamado de Raio de Sol, que o amigo do "primo" é forçado pela mãe a levar. O quarteto é, sucessivamente, expulso de uma balada nos Jardins, atravessa um ponto de encontro de gays no Ibirapuera e vai parar num bar de lésbicas - onde o tonto do garotão da história encontra a mãe e a tia, e nem se dá conta do que elas fazem ali. Dois dos quatro - e um deles é Raio de Sol - dão-se bem (e fazem o sonhado sexo). Os restantes vivem um coito interrompido e chegam de manhã com a possibilidade de investigar novas áreas da própria sexualidade, entenderam?
Carro de Paulista tem riqueza de observações, bons atores (Márcio Kieling, Kayky Brito, Kiara Sasso, Ângela Dip, Babi Xavier, Sílvia Salgado), diálogos escrachados - e "musicais", no sentido de que parecem letras de rap. O tema é esse impossível encontro da periferia com a área central (da cidade e também do poder e do dinheiro). Os heróis são duros, a vida é dura. Ricardo Pinto e Silva subverte a primeira noite de seus personagens. A série da Cultura está interessante, como proposta de produção e de linguagens (no plural).
O filme passa hoje, às 23h30, na TV Cultura, e integra o programa de telefilmes da emissora, em parceria com a Secretaria de Estado. A série de quatro títulos começou no sábado passado com Para Aceitá-la, Continue na Linha, de Anna Muylaert, sobre golpe que é aplicado numa matriarca via celular (e ela passa por uma experiência que transforma sua vidinha insípida). Nas próximas semanas, passam mais dois - Corpo Presente, de Marcelo Toledo e Paolo Gregório, e Paredes Nuas, de Ugo Giorgetti. São telefilmes de 52 minutos cada um. Anna Muylaert já anunciou sua intenção de transformar Para Aceitá-la num longa para cinema e, para isso, está em fase de captação.
Mário Viana adora falar de sexo. Carro de Paulista tem um lado Depois de Horas, podendo ser aparentado ao pesadelo criado, há mais de 20 anos, por Martin Scorsese. O protagonista é este garoto do Tatuapé, cujo primo, na cena inicial, lhe libera o carro para a noite de sábado, mas com a advertência de que nada poderá ocorrer com o veículo. Por isso, entenda-se - nem o mais leve arranhão. O carro, você pode estar certo, chegará ao fim da aventura detonado, e não apenas isso. O herói chama dois amigos para o que promete ser uma longa noite de prazeres. Eles partem em busca das "mina do Jardins".
Seriam três, mas há um quarto elemento - o garoto, sugestivamente chamado de Raio de Sol, que o amigo do "primo" é forçado pela mãe a levar. O quarteto é, sucessivamente, expulso de uma balada nos Jardins, atravessa um ponto de encontro de gays no Ibirapuera e vai parar num bar de lésbicas - onde o tonto do garotão da história encontra a mãe e a tia, e nem se dá conta do que elas fazem ali. Dois dos quatro - e um deles é Raio de Sol - dão-se bem (e fazem o sonhado sexo). Os restantes vivem um coito interrompido e chegam de manhã com a possibilidade de investigar novas áreas da própria sexualidade, entenderam?
Carro de Paulista tem riqueza de observações, bons atores (Márcio Kieling, Kayky Brito, Kiara Sasso, Ângela Dip, Babi Xavier, Sílvia Salgado), diálogos escrachados - e "musicais", no sentido de que parecem letras de rap. O tema é esse impossível encontro da periferia com a área central (da cidade e também do poder e do dinheiro). Os heróis são duros, a vida é dura. Ricardo Pinto e Silva subverte a primeira noite de seus personagens. A série da Cultura está interessante, como proposta de produção e de linguagens (no plural).
Esse colocou como "bons atores" o elenco do Dores e Amores, não???
ResponderExcluirHa uma mistura de elenco do Dores & Amores com o Carro de Paulista.
ResponderExcluirFaltou revisar as fichas técnicas, distribuidas nos releases ou aqui no blog.