quarta-feira, 8 de julho de 2009

Entrevista: Dagomir Marquezi - Parte 2

Qual a diferença de envolvimento entre seu trabalho no Dores & Amores e no Carro de Paulista?
Dores foi concebida antes de mim, filmada longe de mim, e eu não tive muito contato com a equipe técnica nem com o elenco. Com o Carro aconteceu o contrário: eu pude acompanhar cada passo e tive o privilégio de editar este blog sobre o filme, além de gravar as cenas para um futuro making-of. Estive presente em boa parte das filmagens – menos as gravadas durante a manhã, quando eu estou técnicamente desligado.

O que você acha do fato da direção e produção cercearem a criatividade de um roteirista?
Todo roteirista tem que ter essa consciência: se quiser realizar um trabalho completamente sob controle, escreva um romance. Um roteiro é feito para ser realizado em equipe. Antes eu não tinha muita consciência das consequências práticas do que eu escrevia. Criava cenas impossíveis de serem realizadas com um pensamento tipo “eles que se virem”. O Ricardo me ensinou a ter mais consciência do que escrevo e não pedir o impossível. Afinal, cada frase escrita por mim num roteiro representa custos e dificuldades técnicas.

Como você vê um trabalho colaborativo num roteiro ou em dramaturgia?
Aí depende muito da colaboração. Ela pode virar uma disputa de egos e rancores. Mas se o objetivo dos autores for fazer o melhor para o roteiro em si, todo mundo sai ganhando. Especialmente o espectador. Eu tive minha escola de colaboração como co-autor de duas telenovelas. Naquele território a solidão é fatal. Em Carro de Paulista contei sempre com a ajuda, o respeito e o bom senso do Ricardo. Ele tem muitas colaborações no roteiro mas generosamente não exigiu a co-autoria.

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