quarta-feira, 1 de julho de 2009

Entrevista: Ricardo Pinto e Silva

Dirigir um filme é uma tarefa muito mais complexa do que pode imaginar quem nunca frequentou um set de filmagens. O diretor Ricardo Pinto e Silva somou às dificuldades naturais alguns desafios a mais em sua carreira.

Como você ficou sabendo da peça Carro de Paulista
Eu sempre tive o habito de ler as sinopses das peças nos jornais e revistas. Sempre busco o tema e observo a quantidade de atores no elenco. Marco os comentários sobre o autor. Assim que acabei me interessando por dois textos que viraram roteiros de meus filmes: Intensa Magia, de Maria Adelaide Amaral e Carro de Paulista, de Mario Viana e Alessandro Marson. Com os outros filmes, Sua Excelência,o Candidato e Dores & Amores foram diferentes. No primeiro eu e meu primo e produtor Caito Junqueira fomos ver e decidimos comprar os direitos da peca Jogo de Cintura, de Marcos Caruso e Jandira Martini, mas eles nos convenceram a escolher o outro texto, que consideravam melhor e mais conhecido, premiado com o Moliere de Melhor Autor. Já Dores & Amores foi fruto de uma longa estadia em Porto Alegre quando trabalhei em uma serie para a TV portuguesa rodada por lá. Perguntei a uma vendedora de livros qual era o autor gaúcho que mais vendia e ela me apresentou os livros da Claudia Tajes. Comprei, li todos, e escolhi Dores, Amores & Assemelhados, inicialmente adaptado pela roteirista portuguesa Patricia Muller e posteriormente rescrito por nos, Dagomir e eu, acrescentando a base da adaptação da sua peca, Intervalo.

Quantos filmes você já havia dirigido?
Já havia dirigido 3 longas metragens, comentados acima, e dois curtas: o desenho animado Zabumba, em co-direção a Hamilton Zini Jr e Salvador Messina e a ficção Adultério, baseado em um conto da atriz Joana Fomm.

No que o Carro foi diferente dos outros filmes?
Por ser um telefilme foi o de filmagens mais rápidas e teve um raciocínio para ser produzido que incorporou as adversidades. Filmamos quase inteiramente nas ruas e admitimos o acaso como gente em quadro, trânsito aberto, ruídos não controlados. Uma abordagem mais documental. Mantive o uso de duas câmeras simultâneas, como já havia incorporado ao meu método de filmar desde Querido Estranho, mas pela primeira vez o filme todo foi rodado com as câmeras na mão, prescindindo do uso de tripés, dollies, gruas e outros equipamentos para movimentar as câmeras. Fui muito influenciado pela leitura do livro Digital Film Making, do cineasta inglês Mike Figgs e por um grande estudo sobre o uso das câmeras em seus filmes, notadamente Miss Julie e Despedida de Las Vegas.

Foto: Dagomir Marquezi

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